Em homenagem ao Dia da Mulher, reunimos nomes femininos presentes no varejo para compartilhar suas histórias e ideias. Uma das entrevistadas de hoje é Rosana Marques.  

Rosana é fundadora da Ouseuse, uma das primeiras empresas de moda íntima de Juruaia, cidade no Sul de Minas considerada “A Capital Nacional da Lingerie”. Referência no setor de moda íntima no Brasil, ela seguiu à risca as palavras: trabalho e dedicação. Logo, o resultado não poderia ser diferente: sucesso e reconhecimento. Premiações, participação em entidades de classes e missões empresariais fazem hoje parte da vida empresarial de Rosana Marques. 

Confira o bate papo e inspire-se! 

Atualmente, parte importante das mensagens no Dia Internacional da Mulher envolvem o estímulo ao empreendedorismo feminino e a presença das mulheres em posições de liderança no mercado de trabalho. Como você enxerga este tema?
As mulheres fazem parte da sociedade desde o início dos tempos, mas nossa presença sempre foi relegada a segundo plano. Depois de milênios de história, finalmente estamos conquistando nosso espaço e respeito, e fico muito feliz por participar desse momento histórico fundamental para as mulheres. Ainda temos muito a fazer, mas, sem dúvidas. Estamos em um processo que não tem mais volta. E, com certeza mostramos que somos capazes de empreender e de ser líderes. Tenho muito orgulho de tudo que já conquistamos até hoje. Principalmente em Juruaia (MG) que tenho como meu legado a força feminina.

Na sua visão, o que significa empreendedorismo feminino?
Posso resumir em uma palavra: independência. E não se trata apenas de independência financeira, mas também de liberdade pessoal e emocional, pois ao empreender uma mulher se torna muito autoconfiante. O empreendedorismo feminino é isso: é realizar os seus sonhos e os de outras pessoas também. É ter consciência do quanto a mulher é inteligente e capaz de ser ela mesma. Além de fazer a diferença na vida das pessoas com sua visão e ação.

Como as mulheres estão mudando o mundo dos negócios?
As mulheres estão mostrando que são inteligentes, maduras e capacitadas para o mundo corporativo. E o nosso lado feminino ajuda muito, pois temos uma intuição que nos leva a tomar decisões inteligentes e perspicazes. Conseguimos nos ater a detalhes e perceber coisas que nem sempre fazem parte do universo masculino. Acredito que esse seja um grande diferencial nas mulheres empreendedoras.

Como começou a sua experiência como empreendedora e quais as maiores dificuldades que enfrentou?
A cidade de Juruaia estava dando os primeiros passos no universo da moda íntima e senti que esse seria um caminho viável a ser seguido. Antes, eu já tinha tido experiência com uma loja varejista e sempre gostei muito de comércio. Com apenas mais duas pessoas, comecei a confecção de moda íntima há 27 anos. As dificuldades são muitas, mas posso dizer que o maior obstáculo é empreender em um país instável política e economicamente. Esse fator, por si só, faz de qualquer empreendedor brasileiro um herói. Que acredita, que luta e tem resultados.

Sabemos que as mulheres acabam realizando uma série de tarefas quase ao mesmo tempo. Como você faz e o que aconselharia para a mulher que anda sobrecarregada?
Quando criei a Ouseuse, eu já era casada e com três filhos pequenos, e sempre me perguntam como consegui conciliar a vida pessoal com a profissional. Mas não existe uma receita. É simplesmente vontade, garra e vontade de vencer. E quando se tem boas intenções e bons propósitos de vida, para você e para os outros, Deus envia uma luz que nos capacita a conciliar tudo muito bem. Foi o que aconteceu comigo: nunca me apeguei ao que eu não conseguiria dar conta. Simplesmente corro atrás e faço acontecer. Mas, sem dúvida, é preciso dedicação e muita resiliência. Sem esses atributos, nada vai para a frente. Os desafios existem, mas é possível conciliar e crescer pessoal e profissionalmente. Sempre com a frase na mente “O céu é o limite”.

Na sua opinião, quais são as principais dificuldades que uma mulher enfrenta no mercado de trabalho?
Infelizmente, muitas mulheres relatam encontrar preconceito no mercado de trabalho e como empreendedoras. Mas o fato de ser mulher nunca foi obstáculo para mim. Acredito também que o fato de as mulheres serem as protagonistas na história de Juruaia ajudou muito. Somos mais de 80% no comando das empresas da cidade e, por mais que haja preconceito, é muita mulher para encarar de uma só vez (risos). Nesse sentido, sempre tive o privilégio de tratar com homens (e mulheres) que sempre me respeitaram como ser humano e como mulher. E assim a maneira inspirou pessoas a empreenderem.

Com base na sua experiência, a liderança feminina tem um potencial transformador dentro de uma empresa?
A mulher tem um instinto mais aguçado e é atenta aos detalhes. Junte-se ao conhecimento e à experiência e temos um compilado de saberes que podem, com certeza, transformar uma empresa.

Você acredita que o mundo precisa de mais mulheres empreendedoras?
Sem dúvida! O potencial feminino é enorme e precisamos de mais mulheres empreendedoras. Esse cenário já mudou, mas ainda há muito a ser feito. E podemos, com certeza, avançar o sinal para que as mulheres possam mostrar todo o seu potencial. Coragem, visão, competência e muita ousadia mudam o mundo.

Uma pesquisa do Sebrae com a Fundação Getulio Vargas (FGV), feita entre os dias 27 e 31 de agosto de 2020, mostra que as empreendedoras foram mais ágeis na hora de implementar inovações a seus negócios. Como você enxerga este dado?
O resultado dessa pesquisa só prova que estou certa ao dizer que a mulher tem um lado mais sagaz e que ajuda muito na tomada de decisões. Os homens tendem a ser mais objetivos em suas deliberações, seja no dia a dia ou em momentos de crise. Já a mulher se atenta mais aos detalhes, ao que está ao seu redor. E com essa visão mais ampla, ela consegue tomar decisões de forma mais rápida. Em sua subjetividade, a mulher consegue inovar de forma mais ágil justamente por conseguir captar melhor tudo que está implicado na sua decisão.

Quais características particulares ao gênero feminino que ajudam a mulher a empreender?
São muitas: visionária, determinada, corajosa, dinâmica, empática e claro ousada. Sempre com o propósito de servir e ser solução, e, claro, a consequência é o sucesso.

Quais mulheres te inspiram?
São muitas as mulheres que me inspiram! Ao longo da minha vida conheci inúmeras empreendedoras que me ajudaram com a troca de experiências e de conhecimentos. Como faço parte de grupos de entidades empresariais e de empreendedoras, tive a oportunidade de conhecer e conviver com mulheres maravilhosas. Entre elas, estão Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza) e Chieko Aoki (Blue Tree Hotels), Sônia Hess com quem já tive o prazer imenso de fazer viagens à Europa e com as quais aprendi muito. São mulheres maravilhosas e que me inspiram muito a empreender e melhorar o mundo.

Existe alguma coisa que você mudaria nestes anos de empreendedorismo se tivesse maior conhecimento lá atrás?
Com certeza não (risos)! Sinceramente, acredito que aprendemos no momento certo e as decisões boas ou ruins fazem parte da vida. Precisamos passar por certas coisas para entender e mudar o que for necessário. É assim na vida pessoal e assim também é na vida profissional e empresarial. Não dá para acertar sempre e não se pode ficar olhando para trás e remoer o que não deu certo. Acredito nas lições e nas mudanças que devem ocorrer.

Como mulher e empreendedora, o que você diria às mulheres que estão começando a empreender?
Para toda ação há uma reação. Portanto, para ser uma empreendedora, é preciso dedicação e muita persistência. É um clichê? Sem dúvida, mas são essas as características que levam ao sucesso. Então, é necessário fazer um esforço, acreditar em si mesma e fazer acontecer. Com isso em mente, o caminho vai ficar mais fácil. Nem tudo são flores, mas com certeza, tudo é possível quando se tem força de vontade, otimismo e senso de liderança.

Fica a dica: negócio bom é aquele que você acredita e se dedica!